Mercado de Trabalho

Depoimentos de Ex-alunos

Bruno Almeida

Engenheiro de Pesquisa e Doutorando pela Saint-Gobain em parceria com o Institut Fresnel (França)

Descreva sua formação desde o inicio da graduação

Eu sou mais um caso não ortodoxo de percurso profissional e acadêmico. Como eu estudei desde o Ensino Fundamental até o fim do Ensino Médio numa escola técnica, a minha formação científica vem desde cedo. Eu entrei (e me formei!) na UFRJ em Engenharia de Materiais. Contudo logo após o primeiro período, onde vi que Cálculo I não era tão difícil assim para alguém como eu, que já tinha uma boa base, decidi buscar novos desafios. Foi quando conheci o Departamento de Matemática Aplicada, através do Programa Especial de Matemática, e os professores Felipe Acker e Flávio Dickstein. Após 3 anos fazendo matérias do Bacharelado e do Mestrado no Departamento em paralelo a Engenharia, fui selecionado para um duplo-diploma com a Ecole des Mines de Paris, na França. Em meu primeiro ano em Paris, fiz alguns cursos com enfoque mais matemático, porém senti que queria buscar novos desafios e foi quando decidi me focalizar em Engenharia de Materiais. Fiz dois estágios em centros de pesquisa privados na ArcelorMittal em Metalurgia e na e Saint-Gobain em Filmes Finos e Lasers. O bom trabalho efetuado durante esse ultimo estágio me permitiu ser contratado como Engenheiro de Pesquisa e Doutorando pela Saint-Gobain em parceria com o Institut Fresnel (Ecole Centrale de Marseille) na temática de Óptica e Filmes Finos, mesmo após tendo retornado ao Brasil pra finalizar o duplo-diploma.

Como o bacharelado em Matemática Aplicada da UFRJ foi fundamental pra tua formação?

A paixão pela aplicada foi imediata. Graças a sua oferta de matérias super interessantes aliadas a ótimos professores e a liberdade do curso, com o qual eu me identifico muito mais que a forma engessada de se ensinar engenharia, o aluno consegue desenvolver uma aprendizado mais adaptado a suas curiosidades, aptidões e necessidades. Apesar de não recomendado, eu tracei um caminho onde fazia as matérias obrigatórias da Engenharia de Materiais e as do Bacharelado em Matemática Aplicada e algumas do mestrado. Esse acúmulo de experiências que me possibilitou vir para a França em Duplo-Diploma com a Ecole des Mines de Paris, uma
das maiores Grandes Ecoles francesas, ganhar a Bolsa Eiffel e não sofrer com a adaptação ao nível de cobrança daqui. Eu estou plenamente convencido que se não tivesse feito matérias no departamento e absorvido sua cultura, não teria encontrado tantos professores bons, me desenvolvido com uma base sólida como me desenvolvi e não teria tido êxito naquilo que me propus a fazer.

Como a matemática e conhecimentos mais quantitativos são vistos na tua area de atuação?

A matemática aplicada hoje é um ponto chave para o futuro. Como trabalho diretamente com aplicações e desenvolvimento de novos produtos num centro de pesquisa privada, vejo que muito dos esforços atuais passam pela tentativa de trazer uma análise mais quantitativa para o que antes era qualitativo. Isso nao é fácil, pois implica em atualizar muitos procedimentos antigos que funcionavam para uma nova realidade. Além disso, vejo uma busca cada vez maior por uma comunicação entre as diferentes areas do saber com a matemática. Não é raro atualmente vermos uma abordagem multidisciplinar que necessita de matemática para resolver problemas que atingiram seus limites com os métodos mais usuais. Além disso, para mim, a matemática passou a ser uma ferramenta do cotidiano que me permite entender os problemas e apresentá-los de uma forma mais clara e rigorosa. Assim, eu acredito que o futuro da pesquisa passará ainda mais por uma análise rigorosa e mais matemática daquilo que hoje em dia já vem sendo estudado, por exemplo, experimentalmente.