Mercado de Trabalho

Depoimentos de Ex-alunos

Carlos Lechner

Engenheiro de Software no Snapchat (Inglaterra)

Descreva sua formação desde o inicio da graduação

As minhas escolhas de estudo e carreira não seguiram uma trajetória linear. Durante o ensino médio e fundamental, apesar de ser um ótimo aluno, eu não tinha muita ideia do que fazer. Por sugestão de Família acabei focado em estudar Medicina, mas perto do termino do ensino médio eu acabei descobrindo as olimpíadas de matemática, o que mudou minha vida completamente de rumo. Entrei na UFRJ em Engenharia mas me mudei rapidamente para a Matemática Aplicada (sem avisar meus pais que não aceitariam algo diferente de Medicina/Engenharia/Direito) e ao longo do curso fui me dando conta de que gostava mais de Matemática Discreta, o que, historicamente costuma ser mais abordado pelo Departamento de Ciência da Computação. Como a matemática aplicada oferecia bastante liberdade de currículo, acabei fazendo grande parte das minhas matérias no Dept de Computação. Perto do termino dos meus estudos na Aplicada, eu ainda não tinha uma ideia muito exata do que fazer: se seguiria a carreira acadêmica ou se deveria tentar algo diferente como trabalhar com finanças ou computação. Por isso decidi aplicar para intercâmbio de duplo-diploma na École Polytechnique, que oferece uma formação diferente (uma formação generalista ao invés de especialista), e me daria tempo para explorar outras alternativas. Durante minha estadia na Polytechnique, a medida que descobria mais sobre computação e o mercado de trabalho na área, cada vez ficava mais clara a minha escolha. Após terminar a Polytechnique, fiz meu mestrado na Télécom Paris tech em Ciência de Dados (que é uma área que me permitia conciliar matemática e computação).
Durante esse periodo na França acabei fazendo 3 estágios: numa startup onde pude ver como se trabalhava em desenvolvimento puro, na IBM em um projeto grande em pesquisa e desenvolvimento usando computação em genética, e um projeto de pesquisa em ciência de dados na AXA em modelagem de seguros. Finalmente, um pouco antes de terminar meus estudos, recebi uma oferta da Amazon e me mudei pra Londres para trabalhar como engenheiro de software. Agora faço parte do time de engenharia de software do Snapchat.

Como o bacharelado em Matemática Aplicada da UFRJ foi fundamental pra tua formação?

Um dos melhores pontos da matemática aplicada era a alta qualidade do curso e de uma grande parte dos colegas, que eram curiosos e motivados.
Eu fui extremamente incentivado (especialmente pelos coordenadores do curso: os Profs. Felipe Acker, Marco Cabral e Flávio Dickstein) durante minha estadia na aplicada:
– a estudar e explorar coisas novas, fazer matérias mais avançadas de mestrado/doutorado durante a graduação, o que me permitiu descobrir a ciência da computação.
– a aplicar para a École Polytechnique.
– a continuar fazendo as olimpíadas de matemática, e, em grande parte graças ao incentivo, fui medalhista nacional duas vezes (Bronze e Ouro) e fui duas vezes para IMC (International Mathematics Competition) (uma pela UFRJ e outra pela Polytechnique assim que tinha entrado) conseguindo ouro na segunda tentativa.

Como a matemática e conhecimentos mais quantitativos são vistos na tua area de atuação?

Eu trabalho como engenheiro de software na área de Análise/Engenharia de Dados no Snapchat. É importante que eu saiba por que certos estimadores estatísticos estão corretos, como verificar hipoteses com experimentos (testes A/B, multivariados, etc.), etc. O diferencial de ter uma formação em matemática (especialmente estatística e ciência de dados) me permite trabalhar com projetos específicos em que a maioria dos engenheiros de software não estaria propriamente qualificada para exercer sem a supervisão de um estatístico/cientista de dados.